Muito esquecido nos dias de hoje,
o livro sempre foi presença marcante em minha família. Minha bisavó costumava
receber escritores e intelectuais para animados saraus em sua fazenda em Minas Gerais.
Assim, seus filhos cresceram valorizando
a leitura e muitos deles se tornaram escritores. Conviver com minha tia avó
Lucia Machado de Almeida, conhecida escritora de Belo Horizonte, foi um dos grandes
privilégios que tive na vida. Tinha um museu em sua casa e seu livro mais
famoso, “O Escaravelho do Diabo”, marcou minha infância e será em breve lançado nos cinemas .
Meu tio avô, Aníbal Machado, também
escreveu livros de destaque nacional. Grande mecenas da cultura, fundou para
sua filha - a escritora e teatróloga Maria Clara Machado - a famosa escola de teatro "O Tablado" no Rio
de Janeiro, onde estudaram os maiores atores brasileiros. Meu avô também
publicou alguns livros. Contudo, sua maior importância foi estimular o gosto
pela leitura entre seus filhos. Ele abriu uma conta numa livraria de Belo
Horizonte e disse a meu pai: “Filho, você pode comprar todos os livros que
quiser ler!”.
Fiel à herança literária da família, Angelo Machado – meu pai, médico e neurocientista - publicou 44 livros, a maioria para crianças!
Ganhou o
prêmio Jabuti , o mais importante da
literatura brasileira . Um dia ele me disse a mesma frase: “Filha, você pode comprar
todos os livros que quiser ler!” e eu, por minha vez, repeti a frase aos
meus três filhos. Minha primogênita Letícia
foi o maior prejuízo, digo, investimento! Tornou-se uma devoradora de livros e era
a cobaia do meu pai para o teste de suas histórias infantis antes da publicação.
A danadinha aprendeu a ler aos 3 anos e aos cinco leu seu primeiro “livro
grande”: Harry Potter. Os mais novos
foram pelo mesmo caminho e a fama de bons leitores fazia com que ganhassem dezenas
de livros nos aniversários. E lá ia eu com sacolas cheias às livrarias para
trocar os repetidos.
Em 25 anos atuando como médica neurologista infantil, sempre busco estimular a leitura entre meus pacientes e percebo seu poder
no desenvolvimento das habilidades de linguagem, memória, atenção, velocidade
de processamento de informações e consequentemente na aprendizagem. Mesmo com toda
a tecnologia moderna, o melhor
estimulante para o cérebro ainda é a leitura.
No futuro vejo-me sentada numa poltrona lendo um
bom livro, cercada de netos folheando os seus livrinhos infantis. Um dos meus
filhos chega e repete a célebre frase que marca nossa herança de cinco gerações: “Filhos, vocês podem comprar todos
os livros que quiserem ler!”. Publicado no jornal de Santa Catarina 14/03/2016
Parabéns, Lúcia! Que herança maravilhosa! Que perdure sempre está paixão literária! Bjs
ResponderExcluirQue herança maravilhosa!!
ResponderExcluirQue maravilha ter Lucia Machado de Almeida e Angelo Machado como avó e pai! Ambos fazem parte de de minhas referencias literarias e cientificas. Parabens
ResponderExcluir