Dia 26
de junho, é o dia mundial de combate às drogas e é comum que as campanhas que
visam desestimular seu consumo mostrem pessoas praticamente já destruídas por
elas. As imagens, embora fortes, podem
não atingir os potenciais usuários e os iniciantes. Nesta fase eles estão com a
autoestima elevada e um contraste tão extremo passa a sensação de que isto
nunca acontecerá com eles. É preciso explicar como se chega lá e iniciar
admitindo que as drogas causam prazer sim, e, por isso, viciam. Elas atuam
diretamente sobre o sistema de recompensa do cérebro, o qual é responsável pela
sensação de prazer nas situações cotidianas normais, gerada pela liberação de
dopamina. Sob o efeito das drogas, a quantidade de dopamina liberada é muito
maior, proporcionando uma sensação intensa de prazer. Esta ativação exagerada, no entanto, é
agressiva para o cérebro, que irá se defender. Como? Reduzindo o número de
receptores para a dopamina. Assim, mesmo
que a quantidade liberada pela droga seja a mesma, apenas uma porção cada vez menor irá
efetivamente se ligar aos neurônios. Este é o mecanismo da dependência e faz
com que o sistema de recompensa do cérebro se torne menos sensível ás drogas. O
usuário ficará também insensível aos prazeres do
dia a dia, que serão abandonados. Apenas
doses maiores e mais frequentes da droga conseguirão proporcionar o bem-estar
almejado. Assim, a pessoa em questão passará a apelar para drogas mais potentes
e a vida passará a girar em torno de obtê-las. Existe uma predisposição genética que determina maior risco de
dependência em determinados indivíduos e fatores ambientais agravantes. No
entanto, a dependência é
um mecanismo cerebral involuntário que ocorre automaticamente, independente da
vontade e do controle do indivíduo. É o cérebro quem se vicia. Portanto, é possível, sim,
chegar ao fundo do poço. Para evitar este desfecho, a única garantia é não arriscar!
Portanto, deixe o seu cérebro se “viciar“ apenas em atividades saudáveis como
esportes, cultura, música, viagens, amizades... Drogas, é possível ser feliz
sem elas!
sexta-feira, 27 de junho de 2014
quarta-feira, 11 de junho de 2014
O BEBÊ QUE NÃO DORME!
Hoje vou abordar um assunto que costuma ser motivo de aflição para os pais:
O sono (ou a insônia) dos bebês. Algumas mães chegam ao consultório desesperadas,
com olheiras e claros sinais de privação crônica de sono. Ao seu lado, a criança, que
supostamente não dorme, está geralmente alerta, ativa e feliz! O
desconhecimento sobre a fisiologia do sono na infância faz com que a insônia,
na maioria das vezes, seja favorecida pelos próprios pais.
O sono é uma função do encéfalo que também passa
por um processo de desenvolvimento. No recém nascido ele ocorre aleatoriamente em
períodos de 2 a 4 horas ao longo das 24 horas. O amadurecimento é rápido. Aos 6
meses o sono já possui quatro fases e está sincronizado ao ciclo dia e noite. Nesta
época diminui também a necessidade biológica de se alimentar à noite, ou seja,
aos 6 meses os lactentes já estão biologicamente preparados para dormir a noite
toda sem comer! Só faltou escrever isto no manual de instruções dos bebês! Até
um ano há ainda a necessidade de dois cochilos diurnos e até os 3 ou 4 anos, um
cochilo. Algumas crianças continuam a dormir depois do almoço por hábito o que
não é problema. No entanto, nenhuma criança deve ser forçada a dormir de dia após
esta idade. Faltou também avisar isto às creches!
A partir dos 3 a 4 meses o intervalo entre
as mamadas deve ser aumentado progressivamente. É a manutenção da rotina de
recém nascidos e a introdução de outros (maus) hábitos pelos pais que atrapalha
a consolidação natural do sono. A criança passar a ter dificuldade para iniciar
o sono, acorda várias vezes e tem que ser alimentada. Faltou também escrever no manual dos bebes que
despertares breves durante o sono são fisiológicos, todo ser humano tem. Não dá
pra desligar a criança da tomada e só religar de manha. Ela vai acordar! Estes
despertares são breves e geralmente não nos recordamos deles pela manhã. Com a
presença da mãe, no entanto, a criança se tornará alerta... pra brincar! Bebes
só entendem duas coisas: o que é ruim e o que é bom. Ganhar colo, mamadeira e
brincar é bom demais! Então, voltar a dormir porque? Acordar, chorar e ser
prontamente atendida se tornará uma rotina. A criança terá dificuldade para voltar
a dormir na ausência das circunstâncias que foram condicionadas ao início do
sono como: ser embalada no colo, dormir mamando no peito ou mamadeira, luz
acesa, presença da mãe na cama, dormir vendo televisão e até mesmo passear de
carro pra pegar no sono. E assim toda noite, várias vezes por noite...
É a insônia por associações inadequadas ao início do sono.
É a insônia por associações inadequadas ao início do sono.
A criança deve aprender a
dormir sozinha em condições que possam ser facilmente reproduzidas nos
despertares fisiológicos. Assim voltarão a dormir sozinhas se acordarem no meio
da noite. É bom fazer isto antes que elas
aprendam a sair do berço! A partir daí, se não forem prontamente atendidas, irão
para a cama dos pais. Estabelecer rotinas ficará muito mais difícil e elas
passarão decidir quando e como vão dormir, sempre testando os limites dos pais.
A fome
condicionada
É de conhecimento geral
que o hormônio de crescimento é secretado na fase IV do sono e isto gera
preocupação quanto a possível privação de sono. Se a criança está ativa, alerta
e brinca normalmente o volume de sono deve estar adequado. A maior quantidade
de sono fase IV ocorre nas primeiras horas de sono, quando elas parecem dormir
que nem pedra, garantindo o crescimento! Prejuízo no crescimento só ocorre nos
casos de distúrbios de sono mais graves como na apnéia obstrutiva do sono. Crianças
não devem roncar ou respirar apenas pela boca! Fica o alerta! Outras condições que
merecem atenção médica e que podem interferir com o sono são refluxo, asma e alergias alimentares.
As famosas cólicas são
causadas por um desbalanço entre as concentrações de serotonina e melatonina
nos primeiros três meses de vida. A serotonina causa contração da musculatura
lisa e a melatonina causa relaxamento. As cólicas refletem um processo
fisiológico normal de desenvolvimento. Seu término coincide com a época de início
da consolidação do sono noturno. É importante descontinuar as condutas adotadas
na fase das cólicas para não inviabilizar este processo. Se não houver
interferência dos pais, os bons hábitos de sono costumam se desenvolver
normalmente. É importante reforçar que os hábitos de sono são aprendidos e se
uma criança passou meses ou anos com um padrão inadequado, levará algum tempo
para reaprender um novo padrão. Apenas a persistência poderá resolver o
problema. O uso de medicamentos raramente é necessário.
Querida mamãe, se sua consciência não permitir deixar seu filho chorar um pouco para aprender a dormir, pense: Você também precisa dormir. Uma mãe que dorme bem terá paciência, bom humor, criatividade para brincar e estimular seu filho com todo amor e carinho no dia seguinte. Portanto durmam bem, mães e filhos!
Outras dicas para que os pequenos durmam bem:
1.
A criança deve aprender a iniciar o sono sozinha. Diante do choro
condicionado o ideal é deixa-la chorar ou não atende-la imediatamente num
processo gradual. O atendimento deve ser monótono e sem atrativos, apenas a
presença no quarto até que fiquem quietas. No máximo um balanço suave no
próprio berço, sem pegá-la no colo. Sair do quarto para que inicie o sono
sozinha. Em caso de novo choro e nos dias seguintes demorar cada vez mais para
atendê-la. A criança geralmente aprende a dormir sozinha em uma semana.
2.
Dissociar a alimentação do início do sono. Amamentá-la em
outro ambiente e não permitir que inicie o sono no peito. Colocá-la acordada no
berço e usar a mesma tática nos cochilos diurnos.
3. Rotinas de ir para a cama devem ser rigorosas. O quarto deve
estar silencioso, com temperatura agradável e luz reduzida. Fornecer uma
refeição leve ou mamada antes, para que não vá dormir com fome.
4.
O banho é geralmente uma atividade estimulante para os pré-escolares
e deve ocorrer 2 horas antes do sono. O superaquecimento da criança pode atrasar
o início do sono.
5.
Colocá-la para brincar no sol logo que acordar. O cochilo
diurno por necessidade ou hábito deve ocorrer no início da tarde, durando
aproximadamente uma hora e sob a luz natural, para diferenciá-lo do sono
noturno, ajudando assim a sincronizar o relógio biológico ao ciclo noite e dia.
6. Para dormir é necessário estar com
sono e para que ele ocorra na hora desejada é necessário fixar o horário de
acordar. Manter aproximadamente o mesmo horário nos sete dias da semana.
7.
A necessidade de sono vai diminuindo com a idade. Verificar a média
adequada à idade e considerar todos os cochilos diurnos no cálculo. Cochilos de
10 a 20 minutos no carrinho, podem reduzir o sono noturno em horas. Dormir no
final da tarde pode adiar o início do sono noturno em até 6 horas.
8.
Exercícios vigorosos devem ser evitados 3 horas antes de
deitar. Evitar bebidas cafeinadas após o almoço, incluindo refrigerantes e
chocolate.
9.
Televisão, computador, vídeo game e excesso de luz são
atividades excitantes e devem ser desligados uma hora antes de deitar. Desenvolver uma seqüência padronizada de
eventos para preparar o sono como arrumar o material, beber leite, pijama,
escovar dentes, ler ou escutar uma história, apagar as luzes, beijinho e boa
noite!
Dra. Lucia Machado Haertel - Neuropediatra CRM 6338
Clínica Neurosaúde - Blumenau
(47) 3322 1522
Dra. Lucia Machado Haertel - Neuropediatra CRM 6338
Clínica Neurosaúde - Blumenau
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