domingo, 2 de novembro de 2014

O VESTIBULAR E O MEDO

              Os vestibulares estão chegando e se você é candidato, um sentimento com certeza não sai da sua cabeça – o medo. É possível se preparar para o vestibular sem ele? Não! O medo, emoção mediada pela amígdala cerebral, é fundamental para o sucesso. Quando descontrolado levará ao pânico e ao stress, os quais não irão te ajudar muito. Porém, existem áreas cerebrais encarregadas de controlá-lo e usá-lo a seu favor, sob a forma de cautela e preocupação. Uma pitada de medo melhora o desempenho cerebral para a resolução de problemas e tomada de decisões. O vestibular é um grande desafio cujo resultado não é garantido nem para os mais preparados. Sem o medo da reprovação você não iria se preocupar... e deixaria de agir!

                E como isto funciona no cérebro? Além do medo, nos desafios com desfecho imprevisível, o córtex cingulado anterior também é ativado e dará o alerta: Você está diante de uma situação de risco, tudo pode dar errado, então, mexa-se e tome providências! Em seguida, outras áreas cerebrais especializadas na resolução de problemas serão ativadas para auxiliá-lo. O medo continuará ali, mas sob controle. O córtex frontal dorsolateral, responsável pelas funções executivas dará o primeiro passo levando à iniciativa, à organização e ao estabelecimento de horários, objetivos e prioridades.  Segundo passo: Combater a procrastinação, vulgarmente conhecida como enrolação e adiamento constante. Mantenha a concentração e resista às tentações. Acreditar no bom resultado é fundamental e ativará o sistema de recompensa cerebral dando-lhe motivação para seguir em frente. A motivação é também um potente facilitador da memória.
                Mantenha a amígdala cerebral sob controle! Esta área primitiva do seu cérebro tentará fazê-lo entrar em pânico. Não caia nessa! Alguma ansiedade é inevitável. A diferença entre ela e o stress está na dose! Uma ansiedade leve melhora o desempenho cerebral e se evoluir para o stress crônico, passará a prejudica-lo. A liberação prolongada do cortisol, considerado o hormônio do stress, causará diversos efeitos deletérios para o organismo como insônia, fadiga, gastrite e queda da imunidade. Causará também a morte de neurônios no hipocampo, a estrutura cerebral responsável pela memoria.
                É preciso, sim, estudar muito. Portanto, quem começou cedo terá vantagens. O cérebro não é capaz de receber, na última hora, o conhecimento de um ano inteiro. A memória tem limites e precisa de descanso. Uma boa noite de sono é fundamental para consolidar o que foi aprendido durante o dia. Portanto, deixar de dormir para estudar não é uma boa ideia! Uma boa organização permitirá manter  algumas atividades de lazer. A atividade física também ajuda a combater o stress e melhorar o desempenho do cérebro e da memória.


                Assim, pensamento positivo é bom, mas sozinho não resolve! Tem que ser acompanhado de ações positivas. Se você usou o medo a seu favor e se dedicou, acredite em você e boa sorte! 

Dra. Lucia Machado Haertel - Clínica Neurosaúde - Blumenau Fone: 3322-1522

Publicado também  no jornal de Santa Catarina  de Blumenau e Jornal O Tempo de Belo Horizonte