terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

As Habênulas (II)

As habênulas  são o centro de um sistema considerado antagônico ao  sistema de recompensa do cérebro. O sistema de recompensa é um conjunto de estruturas (sendo a principal os núcleos Accumbens) responsáveis  por premiar, através de sensações de  prazer, os comportamentos importantes para nossa sobrevivência (reprodução, saciar a fome e a sede) através da liberação do neurotransmissor dopamina.  Esta é também liberada em situações do dia a dia que causam emoções positivas, tais como vencer um desafio, estudar e tirar uma nota boa, encontrar os amigos, ganhar um presente ou simplesmente ver a felicidade de alguém amado. As nossas Habenulas são, por outro lado, o centro do sistema de punição ou de anti-recompensa do cérebro, o qual é ativado quando tomamos decisões erradas ou não atingimos um objetivo esperado. Esse processo é importante para que aprendamos com nossos erros, memorizando situações em que o resultado final não foi bom. Sua ativação não resulta, portanto, numa sensação agradável, mas sim em sentimentos negativos como frustração, angústia, e tristeza. Afinal, as habenulas fazem inúmeras conexões sinápticas com o  núcleo accumbens causando a inibição da liberação da dopamina.
                - Pera aí! Para tudo!!! Quer dizer que nosso cérebro tem todo um complexo sistema encarregado de jogar um balde de água fria na nossa felicidade e prazer, comandado pelas  minhas queridas  habênulas?
                - Sim! Exatamente.
                - Mas... Queremos nossa dopamina!!!
                - Minha filha,  você sabe que felicidade e prazer demais também fazem mal.
                - Sim. A hiperativação do sistema de recompensa ou a falta do efeito inibitório das habenulas, resultariam num quadro de felicidade constante e sem motivo.  Seria uma euforia exagerada, um estado de autoestima elevada demais conhecido como “mania”. Esse grave distúrbio psiquiátrico pode colocar o portador em risco, uma vez que ele acha que pode fazer tudo, não percebe as consequências de seus atos, não tem medo de nada e se acha a “a última bolacha do pacote”, apresenta comportamentos de risco e toma decisões financeiras desastrosas!
                É perigoso achar que a vida é só felicidade. Importante é perceber o lado positivo e negativo do nosso comportamento e avaliar suas consequências, aprendendo com elas. As áreas de recompensa do cérebro precisam de limites, neurologicamente falando, da modulação inibitória exercida pelas habênulas. 
Mas o oposto também ocorre. Está comprovado que a hiperativação das habênulas está envolvida nos quadros depressivos, pois causa um estado de humor inverso: angústia, tristeza, incapacidade de sentir prazer, felicidade e de enxergar o lado bom da vida. É como ver o mundo pelos 50 tons mais escuros.
                Como visto, as habênulas e suas interações com o núcleo accumbens atuam na regulação do nosso estado de humor. Quando bem equilibradas, fazem com que tenhamos variações entre tristeza e alegria com intensidade e duração proporcionais à realidade.
                - Então o grau de felicidade e tristeza de cada um depende apenas de uma guerra neuroquímica acirrada entre a habênula e o accumbens?
                  Bem, as coisas no cérebro não são assim tão simples... São trilhões de sinapses entre diversos sistemas antagônicos que fazem com que cada pessoa seja diferente da outra nos mais diversos aspectos da sua personalidade. Simplificadamente, entretanto, tais estruturas cerebrais atuam sim regulando os 50 tons de humor da massa cinzenta!




segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

As Habênulas ( I )


Em uma noite como outra qualquer recebi um telefonema:   - Alô?
- Oi filhaaa! Tudo bem? - Falou a inconfundível e sempre bem-humorada voz de meu pai.
- Tudo bem, pai! E com você?
- Tudo ótimo! Tenho uma grande novidade pra te contar. Descobriram a função das habênulas!
                - Nossa! É mesmo? Finalmente! Me conta tudo! – Disse-lhe com entusiasmo.

                Nossa conversa seguiu animada, como de costume. Entretanto, ao desligar o telefone parei para pensar. Que conversa surreal! Em que outro lugar do planeta poderia haver uma conversa entre pai e filha tão fluente sobre o tema “habênulas”?
O diálogo foi muito interessante. Lembrei-me de que a minha relação com as habênulas é antiga. Eu as conheci há 30 anos numa aula prática de neuroanatomia - eram tão bonitinhas! Fiquei curiosa e perguntei ao então professor (e meu pai), o Dr. Angelo Machado:
- Pai, o que são as habênulas?
- São um par de estruturas compostas pelo núcleo das habênulas, localizada no trígono das habênulas e unidas entre si, nesse ponto, pela comissura das habênulas - Disse-me ele, mostrando-me em um cérebro humano todas as estruturas mencionadas.
- Ah, entendi! Mas então, pra que servem as habênulas?
- Ninguém sabe, filha! Ainda não descobriram... – Lamentou.

                Imediatamente simpatizei-me com elas, ficando, ao mesmo tempo, muito intrigada. Eram duas estruturas tão redondinhas, bem delimitadas e conectadas! Tinham que servir para alguma coisa!
                Os anos se passaram, sendo que, de vez em quando, eu ouvia falar nelas. Nesses momentos, a velha pergunta me voltava à mente: Afinal, para que servem as habênulas? Em 30 anos de contato esporádico, já me sentia íntima das habênulas - tanto que esse nome não me soava mal. Com toda certeza, não chegaria ao ponto de usá-lo em meus filhos, mas depois de ter visto alguns nomes por aí – Wandercleysson, Dsornuelson e até um Rosbeef! – “Habênula Machado Haertel” não seria, de forma alguma, o pior deles.
Lembrei-me de que nomes estranhos eram mencionados no dia a dia de minha família tão naturalmente que não chamavam a nossa atenção. Afinal, meus pais são neurocientistas e membros titulares da Academia Brasileira de Ciências. Nem por isso eram pais ausentes, do tipo cientistas malucos. Minhas melhores lembranças de infância são os finais de semana - sempre havia alguma programação! Na época, sem computadores e internet, era necessária muita criatividade para entreter quatro filhos. Íamos à praia (sendo nossas preferidas as do sul da Bahia), aos parques de diversão, cidades históricas e à fazenda do meu avô, onde encontrávamos todos os tios e primos e tudo era sempre muito divertido. Meu pai, dotado de especial habilidade para lidar com crianças, vivia cercado pelos filhos, sobrinhos e  filhos de amigos. Mesmo a mais emburrada das crianças não conseguia resistir às suas palhaçadas! Não gerou surpresa alguma quando, como hobby, tornou-se escritor de literatura infantil, publicando mais de 40 livros. Pela sua obra, ganhou alguns prêmios de literatura e de divulgação científica para crianças, além de ter se tornado membro da Academia Mineira de Letras.
Mas voltando às queridas habênulas... Foram necessários 30 anos desde que fiz aquela pergunta ao meu pai para eu obter minha resposta, o que justifica meu entusiasmo pelas revelações do telefonema.
E você? Sabe para que servem as habênulas?
Aguardem a próxima postagem...


               


segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

A culinária e o cérebro




As festas de fim de ano são marcadas por encontros sociais e familiares em torno de uma boa e farta mesa. E o que o cérebro tem a ver com isso? Tudo! Nosso cérebro desenvolveu o fantástico número de 86 bilhões de neurônios graças à culinária.
A teoria, que pode parecer maluca, foi proposta pelo antropólogo Richard Wrangham. Ele sim era meio maluco e passou uns tempos no mato alimentando-se como um macaco para provar que não teríamos desenvolvido um cérebro com tantos neurônios comendo apenas vegetais crus. A neurocientista Suzana Herculano-Houzel popularizou a teoria e suas pesquisas deram-lhe maior embasamento científico.


Nossos ancestrais há aproximadamente 1,8 milhão de anos descobriram o fogo e como amaciar e melhorar o sabor dos alimentos pelo cozimento. O Homo erectus tinha um cérebro de 870 gramas e comendo apenas alimentos crus encontrados na natureza, não poderia ter um cérebro maior. A evolução levou ao Homo sapiens com um cérebro de 1,5 quilos e 86 bilhões de neurônios. Mas como? Manter o cérebro funcionando custa caro, seis calorias por bilhão de neurônios por dia.
Os gorilas tem 30 bilhões de neurônios e precisam passar 9 horas por dia comendo. Portanto, se continuássemos nos alimentando como os outros primatas, gastaríamos o dia todo procurando e consumindo alimentos para manter nosso corpo e cérebro. Impossível! Algo mudou ao longo da evolução e tudo indica que foi o cozimento que pré-digere o alimento quebrando suas moléculas. Isso levou a um maior aproveitamento dos nutrientes e possibilitou o desenvolvimento de um maior número de neurônios.
O tempo gasto com a alimentação reduziu, e assim, sobrou mais tempo para gastar os neurônios com coisas mais úteis e interessantes! Dessa forma, as ferramentas foram desenvolvidas, facilitando a caça, o surgimento da agricultura e gerando maior oferta de alimentos.

Antes, cada um comia sozinho aquilo que encontrasse na natureza. O cozimento fez com que toda a comunidade passasse a fazer suas refeições em conjunto, partilhando a comida, estreitando os laços sociais, desenvolvendo a linguagem e a troca de experiências. Surgiram cidades, comércio, cultura, tecnologia, restaurantes... Assim o cérebro e a humanidade se desenvolveram, tendo a culinária como pano de fundo. Reuniões em torno da comida existiam desde antes do Homo sapiens e continuamos fazendo isto até hoje, apoiados pelo sistema de recompensa do cérebro. 

Comer é essencial para a sobrevivência e, portanto causa sensação de prazer. Mais uma forcinha para a comilança! Juntou a fome com a vontade de comer! Embora ainda exista muita fome no mundo, nas regiões desenvolvidas comemos mais do que precisamos. Não por necessidade, mas por prazer. A indústria entrou na festa, criando alimentos cada vez mais saborosos e calóricos. 

Obter energia ficou muito fácil. Assim, aquilo que evolutivamente fez aumentar nosso cérebro, atualmente só faz crescer a nossa barriga e reduzir a saúde - inclusive a do próprio cérebro.
Qual a solução? Não precisamos voltar a nos alimentar como macacos, mas vai uma saladinha crua aí hoje?





Por Lucia Machado Haertel. Publicado no jornal O Tempo de Belo Horizonte em 20/12/2013 e revista Tie Break janeiro 2014 

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Volta às aulas!

                 Por Dra. Lucia Machado Haertel
Mais um ano letivo se inicia e com ele, volta também o esforço diário para fazer os pequenos estudarem. Nesse contexto, qual seria a melhor forma de ajudar nossos filhos a recolocarem  os neurônios pra funcionar?

Não espere ler aqui alguma dica milagrosa do tipo “Como turbinar a memória em 10 passos”, coisa que certos cursos de autoajuda prometem. Não se iluda - nosso cérebro não faz milagres. Aprender exigirá esforço e dedicação. A ideia aqui é apresentar algumas dicas realistas para fazer de 2016 um ano de muito aprendizado.

O cérebro não é como um computador que grava tudo. Ele próprio faz uma seleção – a qual, às vezes, é aleatória. Isso explica porque decoramos coisas inúteis como aquela música chata que insiste em tocar em nossas cabeças e não conseguíamos decorar os gases nobres na escola. O que podemos fazer é direcionar essa seleção através do estudo eficiente. Para isto lembrem-se de duas palavras chave: motivação e atenção.

A memorização é um dos temas mais complexos da neurociência, e a atenção é fundamental para ela ocorra. Tanto que, por mais que os adolescentes insistam que conseguem estudar com a TV ligada, a neurociência já provou que não - o cérebro não é capaz de compartilhar a atenção e processar mais de um estímulo ao mesmo tempo. O que for memorizado desta forma tende a ser rapidamente esquecido. Outro erro comum é se deixar enganar pela memória de curta duração, que mantém o assunto recém-estudado em mente por algumas horas, dando aquela falsa sensação de “já estudei o suficiente, deixa eu jogar, mãe!”. Porém, a memória de longa duração é altamente dependente da atenção e é consolidada durante o sono. Se você costuma cair nestas pegadinhas cerebrais, não se surpreenda se “der um branco” na hora da prova. Não é “branco”, na verdade você não aprendeu! Sem atenção não há retenção. Se você estudar apenas na véspera poderá descobrir que esqueceu tudo justo na hora da prova.

As emoções positivas, como felicidade e prazer, são facilitadoras da memória e geram motivação através da ativação do sistema de recompensa do cérebro. Isso é importante principalmente para os mais novos, os quais não tem maturidade suficiente para entender que estudar é importante para o futuro profissional. Eles só conseguem pensar que: estudar é legal ou estudar é chato. Fim. Caso a segunda opção prevaleça, vão se recusar a aprender. Portanto, os pais e professores devem tornar o momento do estudo agradável desde cedo para que as crianças criem um vínculo positivo com a aprendizagem. Crianças não aprendem sob pressão. Por isso, tenha paciência, mostre alegria e criatividade para que a hora da tarefa não seja uma tortura para ambos!

Ter motivação é essencial, e como visto, ela está intimamente relacionada ao prazer. Você já percebeu que aprendemos melhor aquilo que gostamos? Acreditar na possibilidade de um resultado positivo  também também ativa o sistema de recompensa do cérebro e nos dá motivação para correr atrás de um objetivo. Daí a necessidade de se ter um objetivo, de se impor desafios e acreditar em si mesmo.

O cérebro humano é especialista na resolução de problemas e desafios. Estabeleça um objetivo e todo o seu cérebro trabalhará para alcançá-lo. Basta vencer a inércia, o que é especialmente difícil nesta época. O objetivo deve ser viável, pois a sensação de falhar logo de início pode minar a autoconfiança de qualquer um, levando à desmotivação e desistência.

Na adolescência, o cérebro atinge o auge de suas habilidades cognitivas. Entretanto, outras habilidades, também crescem nessa idade. Isto sem falar na concorrência desleal da TAM: Tecnologias de Alta Motivação: iPhones, iPads, Face, Instagram, Twitter, etc .

     
  Manter a motivação e o foco com tanta concorrência é o maior desafio na adolescência. Assim, mesmo possuindo uma potente máquina de aprender, as notas podem não decolar!   A motivação  facilita a atenção e associada à um bom planejamento diário de estudos fará  você manter a adolescência e as notas em alta. Resta agora saber estudar. 

A memória exige formação de novas sinapses, e se formá-las já não é fácil, imagine mantê-las! Assim, existem dois tipos de estudo: O para fazer prova e o para realmente aprender. Decorar o resumo do resumo do colega na véspera da prova pode até garantir nota suficiente pra passar de ano (nem que seja com recuperações e conselho de classe), mas alguns dias depois, tudo será esquecido.  Para que uma ampla rede de sinapses seja formada e fortalecida, é necessário estudar a matéria inteira, compreendendo e elaborando o assunto, fazendo associações com os conhecimentos já previamente armazenados. Tenha contato com o assunto diversas vezes e por meios diferentes, textos, filmes, figuras, debates, músicas...  A repetição é necessária para “colar” a matéria no cérebro. Prestar atenção na aula, ler o assunto no mesmo dia em casa e estudar alguns dias antes da prova é a maneira mais eficiente. Depois de tudo isto seu próprio cérebro estará apto a elaborar um resumo para ser revisado na véspera. Imagine-se subindo uma pirâmide em que cada degrau apoia-se no anterior. Quando chegar ao topo, haverá uma base sólida de conhecimentos para apoiá-lo. Mas se tentar chegar lá em cima em um único salto, você não irá conseguir. Não dá para fazer o cérebro pegar no tranco no último bimestre.


E assim, desejo a todos os estudantes um excelente e produtivo 2016, com muitos e sólidos degraus percorridos com sucesso. E lembrem-se do lema: não deixem para estudar amanhã o que vocês podem estudar hoje!

Mais algumas dicas para organizar seu tempo e vencer as tentações:

1.       Faça um bom planejamento nos primeiros dias de aula com horários fixos para o estudo e tarefas escolares de acordo com as suas atividades extra classe e calendário de provas. 
2.    Esses horários devem ser diários fixos e exclusivos. Para uma boa memorização elimine qualquer distração. Em épocas de provas ou de acordo com seu rendimento poderá haver necessidade de aumento.
3.   Desligue todos os aparelhos eletrônicos e desconecte-se completamente da internet e das redes sociais. Senão, a tentação será grande e interrupções frequentes interferem na concentração e na eficiência do estudo. No final você vai estar com aquela sensação de que o dia terminou e não rendeu nada.
4.   Estabeleça objetivos para aquele dia de estudos, por exemplo: Fazer a tarefa, ler o que foi dado em aula para entender e fixar melhor o conteúdo dado naquele dia e estudar algo referente à próxima prova.
5.   Ao elaborar um resumo cuide para não ficar apenas copiando o livro encolhendo a matéria! Para ser útil , um resumo deve ser feito pelo seu próprio cérebro após a compreensão e elaboração do assunto, ou seja, ao final do estudo com as informações já processadas e usando o livro apenas como apoio. 
6.   A atividade mental também passa por um processo de saturação. Isto é percebido como cansaço e falta de atenção o longo do dia. Portanto aproveite o pique inicial e inicie pela atividade mais difícil e que exigirá maior energia e atenção. Você pode fazer um breve intervalo de 5 a 10 minutos entre as atividades. Mas faça este intervalo apenas após concluir alguma meta. Senão haverá uma tendência natural à enrolação até a hora do intervalo.
7.   Não passe para outra atividade antes de concluir a anterior ou você correrá o risco de iniciar várias coisas e não concluir nenhuma.
8.   Estabeleça horários fixos também para o uso da internet preferencialmente após o horário de estudo. Assim você poderá aproveitar melhor o lazer sem dor na consciência e com a sensação de dever cumprido.   
9.   Reserve também horários para atividades físicas e leitura. Ler ainda é o melhor estimulante para o cérebro.
10.   Durma bem! O ideal na adolescência são 9 horas por noite e não menos do que 8.  O sono é importante para o aprendizado e para que você mantenha a concentração no dia seguinte. O único sono permitido à tarde nesta idade é um cochilo de 30 minutos após o almoço. Mais do que isto indica que você não dormiu o suficiente à noite e está tentando compensar. Quanto mais tempo você dormir, mais difícil será de acordar. Lembrem-se o sono diurno não substitui o sono noturno!
11. Não faça tarefas escolares apenas pra cumprir tabela. Use a tarefa como parte do estudo e não passe adiante sem compreender alguma coisa. Peça ajuda se tiver dúvidas.
12. O aprendizado é progressivo. Conhecimentos mais elaborados vão sendo acrescentados aos conhecimentos básicos previamente aprendidos. É muito difícil armazenar uma nova informação sem uma base sólida que permita compreende-la. O tempo passa e a fila ( de matéria )anda. Não enrole para engrenar e não  deixe a matéria acumular. É muito difícil pegar o bonde andando!

Aos vestibulandos deste ano: Estudem, acreditem e boa sorte!

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

O primeiro dia de aula na pré escola

                        Por Dra. Lucia Machado Haertel

         A pré escola não é mais vista como um local aonde as crianças são deixadas enquanto os pais trabalham.



         A educação infantil contribui muito para o desenvolvimento de habilidades como percepção, orientação espacial, coordenação motora e linguagem oral, consideradas pré-requisitos para que a alfabetização ocorra com facilidade posteriormente, no ensino fundamental. Favorece também a independência, o convívio social e o desenvolvimento emocional. 

            Entretanto, é um momento delicado. Afastar-se dos pais pela primeira vez e iniciar novos laços afetivos exige uma fase de adaptação com duração variável dependendo da criança. Enquanto algumas crianças logo “dão tchau” para os pais e já saem correndo para explorar o novo ambiente, outras podem se recusar a permanecer lá, criando uma situação angustiante. Nesses casos, é necessário um programa de adaptação gradual.
O pensamento dominante nesses pequenos cérebros é: "E se minha mãe não voltar?" E nos grandes cérebros é: "Será que meu filho vai ficar bem?" Em ambos os casos o sentimento é de medo e insegurança. É importante saber que esta fase de adaptação é normal, pois a escola é um mundo novo para eles. Quando adequadamente conduzida, em no máximo 2 a 3 semanas a angústia dará lugar à alegria, e os pimpolhos irão curtir demais!

ALGUMAS DICAS

  1.  Os pais devem confiar na escolha que fizeram e transmitir confiança aos filhos.
  2.  Visite a escola com a criança, mostre os ambientes e explique que ela vai brincar com os amiguinhos e fazer atividades legais. Não foque apenas em brinquedos! Ela poderá se decepcionar ao constatar que não se trata de um parque de diversões!
  3. A maioria das escolas tem programas de adaptação gradual e muitas permitem, inclusive, que a mãe permaneça durante certo tempo com a criança. Esse tempo vai diminuindo até que ela se sinta segura, crie vínculos de afeto com a professora e os colegas. Depois, despeça–se e avise que vai voltar. Fale sempre a verdade. Nunca espere um momento de distração para sair de fininho.
  4. A separação é um processo doloroso tanto para a criança quanto para a mãe. O choro da criança faz parte desse processo. Tente controlar os seu ou a adaptação pode ficar mais difícil.
  5. Não adianta dizer que ela vai ficar bem se você está chorando também e com cara de quem não quer ir embora! Isto gera a dúvida: Será que está tudo bem mesmo, será que ela vai voltar mesmo? É importante transmitir segurança. Só assim ela vai estar à vontade para brincar, participar e aprender.
  6. Não se atrase para buscá-la. Uma das situações mais desesperadoras nessa fase é ver todo mundo saindo e só sua mãe não chega. Isto pode afetar a confiança em você.
  7. Caso alguma coisa pareça não estar indo bem, busque informações na escola e discuta uma estratégia com a professora. Se a adaptação não ocorrer em um mês, deve-se considerar um aconselhamento profissional.


**Acompanhe minha próxima postagem:  Volta às aulas : Dicas para que 2014 seja um ano de muito aprendizado!